O primeiro jogo da Arena.

Para alguns o jogo mais importante do ano, para outros, o jogo da vida, e para a Arena, o primeiro jogo oficial, a primeira decisão. O coração passou a bater descompassado desde o dia anterior ao jogo e a ansiedade de ver o resultado já designado era tão grande quanto à alegria de poder comemorá-lo.

Logo no inicio da partida, um minuto de silêncio em homenagens as vitimas da tragédia em Santa Maria, no ultimo domingo, 27. Impossível não se emocionar vendo mais de quarenta mil torcedores se curvarem a uma só voz, a do silêncio, a da paz. Na torcida, faixas serviam de homenagem às vítimas e a seus familiares.

O Grêmio entrou em campo com algumas novidades no time. Na zaga Bressan jogou no lugar de Cris, na lateral Alex Telles e no ataque Eduardo Vargas começou a partida.

Com a torcida ao seu favor, o tricolor começou  pressionando os equatorianos. Foram algumas chances de gol, e uma pontaria fora de precisão.

Passada a pressão inicial, o jogo perdeu a velocidade e a LDU abusou da cera técnica para ganhar tempo.

O primeiro tempo de jogo terminou com o placar zerado, e o nervosismo gremista a flor da pele.

Foto: Lucas Uebel.

O Grêmio voltou para o segundo tempo com André Lima e William José nos lugares de Marcelo Moreno e Fernando. Com o ataque reforçado, o recado foi claro, o gol tinha de sair. E mesmo com a cera adversária, ele saiu. Aos 16’ Elano bateu da intermediária e com uma pontaria exata, acertou o gol de Dominguez. Golaço tricolor, para levar a decisão para os pênaltis.

Após o gol, a avalanche de praxe de comemoração gremista quase acabou em tragédia. A grade de proteção foi rompida e oito torcedores caíram no fosso ficando feridos. O jogo parou por seis minutos.

O incidente acabou interrompendo o que seria o embalo gremista para chegar ao gol da classificação.

Somente após os 28’ o Grêmio chegou novamente a área adversária e quase ampliou o placar, primeiro em cabeceada de André Lima e depois com Elano novamente de fora da área.

Elano deu lugar a Jean Deretti no time. E foi em falta em cima dele que o Grêmio ficou com um a mais em campo. De nada adiantou, o gol não saiu e a decisão foi para os pênaltis.

Se existia resultado que eu preferia evitar no jogo eram justamente os tais pênaltis. Mas aí o Grêmio decidiu nos mostrar mais uma vez que estamos em dia com o cardiologista.

André Lima bateu o primeiro pênalti e converteu. Saritama também. Saimon acabou parando nas mãos de Dominguez. Vitti colocou a LDU na frente. William José igualou tudo. Reasco carimbou a trave. Pará colocou o Grêmio à frente. Velez empatou. Vargas converteu o dele. Canuto levou a decisão para o tudo ou nada. Alex Telles cobrou forte e converteu. Morante fez sua cobrança e Marcelo Grohe defendeu para o delírio da nação tricolor, e a classificação para o grupo 8 da Libertadores da América, aonde enfrenta o Huachipato do Chile.

Foto: Richard Ducker.

No momento da cobrança dos pênaltis vi em cada jogador gremista uma nação, vi a vontade de vencer mesmo que o placar direto durante o jogo não tenha sido conquistado, vi garra em cada comemoração. Vanderlei Luxemburgo estava na beira do campo, mas parecia estar no meio da geral, não olhava as cobranças de nervoso. Jogadores que estavam no banco juntaram-se a comissão técnica, médicos e preparadores formando uma corrente. Aquilo ali era Grêmio. Marcelo Grohe foi um gigante. Depois de ver um novo goleiro ser contratado e vestir a sua camisa 1, mostrou que com dedicação e competência é possível sim, jamais deixou de jogar com seriedade mesmo não tendo motivos para isso. Marcelo carregou milhares de gremistas nas costas esta noite, e se as lágrimas brotaram em seus olhos, é porque ele sabe e acima de tudo ele sente também o que nós gremistas em cada canto do mundo, sentimos. 

Por fim, que essa vitória a cara do Grêmio seja minha, seja tua, mas também seja dos gremistas que lá do céu cantam com a gente.

“Tu não os vê, tu não os toca, mas estão presentes. Vários momentos inesquecíveis me vêem a mente. Por isso Grêmio um campeonato somente te peço, para os gremistas que lá do céu cantam comigo.”

Escalação gremista: Marcelo Grohe; Pará, Bressan, Saimon e Alex Telles; Fernando (William José), Souza, Elano (Jean Deretti) e Zé Roberto; Vargas e Marcelo Moreno (André Lima).

Técnico: Vanderlei Luxemburgo.

Por Bruna Borchardt